domingo, 30 de dezembro de 2012

OS DIAS DA RÁDIO

Tenho saudades da rádio de antigamente em que os locutores e as locutoras tratavam os ouvintes com respeito, falavam português correcto com a entoação própria de quem tinha talento para ser uma voz da rádio e não tinham a mania que eram engraçados. Tenho saudades de ouvir programas de autor, que diferenciassem os estilos e se preocupassem em dar a conhecer o que eles consideravam boa música. Eram na realidade eles que tinham o trabalho da pesquisa, e da divulgação. Radialista era então um trabalho muito mais exaustivo do que o radialista dos dias de hoje, mas muito mais aprazível concerteza. Tenho saudades de poder optar pela estação de rádio conforme o meu estado de espírito em vez de ter de levar com as mesmas playlist seja qual a frequência. Se o vídeo matou as estrelas da rádio, a ditadura do capital matou o resto. Efeitos da globalização sem fronteiras e descontrolada...
 
 

sábado, 8 de dezembro de 2012

PEQUENOS CONTOS SOBRE PEQUENAS COISAS

 
A NOITE E OS BLUES
 
Jaime convidou-a para um café em sua casa. Preparou o ambiente sem descurar um único pormenor: a arrumação, limpeza, posição dos quadros, cor das carpetes, aroma das velas, uma música agradável e a média-luz a condizer. Serviu o café, o melhor lote que conseguiu encontrar, acompanhado de pequenos chocolates. No meio de uma agradável conversa, levou-a a sentar-se no sofá com um bom filme como pretexto. Envolveu-a nos seus braços, afastou-lhe os seus fantasmas. Ela deixou-se ir. Escorregou nos braços dele, sentiu o calor do seu peito e o bater do seu coração. Procurou os lábios dele e fizeram amor. Conversaram, riram e no fim Jaime pegou na guitarra , olhou-a nos olhos e tocou os blues para ela ao que ela respondeu: - "Afinal sempre serves para alguma coisa"...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

MANIFESTAÇOES, VIOLENCIA E REPORTES ACAGAÇADOS

A VIOLENCIA NÃO NOS LEVA A LADO NENHUM" -Esta era a frase mais proferida na tv na tarde/noite de ontem. Desde as super-apavoravas repórters/jornalistas/pivots/o-que-lhe-quiserem-chamar da tvi, sic ou rtp presentes no local, até à opinião dos comentadores/paineleiros/analistas/o-que-lhes-quiserem-chamar da tvi, sic ou rtp presentes nos estúdios, passando por...
opiniões de vários anónimos entrevistados, a frase clichet era repetida até à exaustão: "A violencia não nos leva a lado nenhum" Tudo muito bem, tudo em sintonia. Só não disseram o que é então que nos leva a algum lado melhor do que estamos... E isso é que era realmente importante saber... É que me perdoe a comunidade/sociedade/o-que-lhe-quiserem-chamar em geral mas pelo que se viu até agora... o pacifismo também não.


Outra coisa que me fazia confusão era ler em artigos estatísticos que Portugal é o país da europa com mais polícias por habitante. Nunca me acreditei muito nisso, sempre achei um erro de dados fornecidos às empresas de estatísticas... até ontem. Ver o aparato polícial nas escadas da A.R. fez-me crer que as estatísticas estão certamente corretas, mesmo que a "segurança" esteja na sua esmagadora maioria a servir a proteção dos ladrões.

RETRATOS DE LADROES, OPORTUNISTAS, VIGARISTAS E SEUS AMIGOS EM ATUALIZAÇÃO PERMANENTE



Eduardo Catroga
 Parece que toda a gente tem uma resposta quando perguntamos o que está a correr mal em Portugal. Acabei de ouvir na radio um expert qualquer dizer que o problema era a excessiva juventude dos políticos e a sua falta de experiencia. A conclusão em forma de pergunta de reflexão ficou no ar: " Será que faltam cabelos brancos a este governo?" A olhar para esta foto a resposta parece-me bastante obvia: Não!!! Destes cabelos brancos estamos nós fartos até ás pontas dos nossos!





Pedro Machete
 -MAIS UMA VEZ... CALHOU!- A origem do homem não é por sí só curriculum, mas para um país que proclama a transparencia, ver o filho de um dos fundadores do partido que está no poder completar o Colectivo de Juízes do Tribunal Constitucional, não é lá grande indício. A promíscuidade entre política e justiça está assim assegurada e a falta de vergonha também. Claro que quem manda não diz isso, foi apenas uma coincidencia. Ou seja, mais uma vez, e como diria o meu grande amigo Rique... CALHOU!"









Paulo Portas

Se há mérito que atribuo a este Paulo Portas é no seu método oratório. Falando português: O cabrão sabe falar. Escolhe cuidadosamente as palavras, nunca se põe a jeito como o seu parceiro do governo faz aniude. No meio de tantas palavras proferidas a um ritmo lento, lá foi dizendo que não concorda com a mexida da TSU mas não se opõe por patriotismo. Veio portanto fazer o jogo do polícia bom/polícia mau, onde ele será obviamente o polícia bom. Com um ar consternado falou nas PPP e subtilmente abriu a porta aos despedimentos nas empresas públicas, foi tão subtil que ninguém parece ter dado por ela. Falou com pena dos pobres e na defesa da classe média. Falou da dependencia dos credores. Falou bem o tempo todo a questão é esta: Ó PAULINHO, MAS PENSAS QUE ENGANAS ALGUEM??? A GENTE JÁ TE CONHECE DE GINGEIRA, SEU OPORTUNISTA DE MERDA!!! Já que falas da necessidade urgente de reduzir a despesa publica e aumentar a receita,porque não explicas o negócio dos submarinos? E já agora porque não os vendes? Sempre dava para reaver parte do dinheiro... Porque não falas dos aumentos dos ordenados e subsidios dos deputados e grandes gestores públicos? E da passividade do governo na escalada dos preços dos combustíveis?? Diz lá o que pensas ou fizeste contra isso! Enquanto não o fizeres, e por mais bonitas palavras que saírem dessa boca, continuarás a ser Paulo, o chulo da nação.



191210_DLou
Dias Loureiro

Tem um processo em curso de investigação, negou afirmações feitas pelo seu antigo chefe Cavaco, esteve muito ligado ao PSD, sabe fazer umas cantiguinhas, também sabe jogar golfe e desde há uns meses nunca mais se ouviu falar dele. Dias Loureiro vive actualmente à grande em Cabo Verde.
É dono do maior resort turístico da ilha do Sal, aquela ilha daquele país africano onde o BPN criou umas sucursais e um banco mais ou menos virtual, com que se faziam umas operações de lavagem e fugas ao fisco, etc. Como vêem, é fácil fazer esquecer um roubo superior a mais de 4 mil milhões de euros quando se tem amigos por todo o lado...



AS CAMPANHAS E O RACISMO




Quantas vezes dei por mim a ver uma campanha contra o racismo e a pensar: "Mais valia terem ficado quietos". Na minha opinião, a maior parte das campanhãs são... racistas! Ver um jogador de futebol branco, por exemplo, a abraçar um negro com uma legenda do tipo : Não ao racismo, faz-me espécie. A protecção às minorias étnicas são por si só um ato de racismo. Um negro agride um branco é delinquenci...
a, um branco agride um negro é racismo. Afinal quem separa as atitudes e as intenções pelas diferenças raciais? Atuar contra o racismo, é isso mesmo, tratar toda a gente por igual, mas por igual mesmo. Responsabilizar, confiar, partir dos mesmos pressupostos para toda a gente. Este grande ator fala de uma forma muito realista e sóbria, de uma forma que muitas vezes nem parece politicamente correcto, mas na minha opinião nada mais acertado. Querem lutar contra o racismo?- Se calhar parar de falar sobre isso era uma boa ideia. Brilhante!!!

sábado, 29 de setembro de 2012

O DESPREZO


Já alguma vez o demonstraram a alguém? Quem é que ainda não provou o seu amargo sabor? Ou quem nunca o deu a provar a alguém? Arriscaria a dizer que não existe ninguém no mundo que nunca tenha lidado com ele. Entre todos, o desprezo é o comportamento menos nobre, o mais variável, e pode ser o mais corrosivo. E porquê? Penso que por ser o mais fácil de se pôr em prática.  É tão fácil, que para demonstrar desprezo por alguém basta… fazer nada! Tão simples quanto isso. Podemos desprezar e ser desprezados por determinação, força ou simples covardia. Daí ser tão difícil lidar com o desprezo. Imaginem uma arma de destruição maciça tão estupidamente fácil de ser fabricada que qualquer país tivesse a capacidade de a produzir no tempo e na quantidade que quisesse sem qualquer dificuldade. Seria tão banalizada que a utilizariam por dá cá aquela palha. A vida na Terra certamente ainda existiria? Creio que não.
Na prática, o desprezo pode assumir diversas formas. É possível desprezar e/ou dar ao desprezo, sendo que a diferença está no facto em que na primeira forma, o sentimento é genuíno ao contrário da segunda em que não sentindo desprezo, apenas te comportas voluntariamente de uma forma consciente e incrivelmente cruel. É pior quando se trata de amigos… Há aquele que por qualquer razão não gostou de qualquer coisa a partir daí esforça-se por te mostrar desprezo. Notam-se requintes de prazer na forma como faz questão de demonstrar que estás a ser descartado, que não interessas mais como amigo. Há outro tipo, o desprezo por covardia. É um comportamento próprio de pessoas… covardes. Quando alguém próximo não tem coragem de te enfrentar, de te dizer o que não está a gostar em ti, ou apenas de assumir algo que sabe que tu não vais gostar, e qual é a melhor forma de lidar com isso? Dar ao desprezo. Evita o diálogo e assim naquela mente covarde, evita o problema. Descarta portanto uma amizade apenas por falta de coragem. Não raras vezes, uma vez ultrapassada a situação, é capaz de te voltar a procurar e comportar-se como se nada fosse. Típico…
No que me toca pessoalmente, admito que não consigo lidar bem com o desprezo. De entre todos os diferentes tipos, alguns são particularmente dolorosos: Quando de repente, um amigo, ostensivamente e de uma forma repentina deixa de nos falar, ou passa a comportar-se de uma forma austera, distante, altiva. Por vezes nem sabemos o que fizemos para o merecer, e também não raras vezes passamos o resto da vida sem uma explicação para a tal mudança de comportamento. Vindo de alguém próximo, que supostamente seria meu amigo é tão corrosivo que acaba por corroer o mais forte sentimento de amizade. Não há volta a dar. É que há dois grandes problemas que se levantam nesses momentos: O primeiro é que dificilmente se chega à razão quando entre duas pessoas, pelo menos uma dá o desprezo à outra. É como um muro de betão tão forte que pura e simplesmente não se consegue atravessar. E dói? Se dói... Especialmente se nunca houve uma conversa franca sobre isso (supostamente estaríamos a falar de uma amizade, que diabo!); O segundo é que só há uma forma simples de o combater: Com desprezo.


domingo, 23 de setembro de 2012

TEORIAS


Como já faz algum tempo que nada publico, regresso com uma citação do maior humorista de todos os tempos: Charlie Chaplin" 

A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, livrarmo-nos logo disso.

Daí iriamos viver para um asilo, até ser expulso de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Trabalhavamos 40 anos até ficarmos novos o suficiente pra poder aproveitar a reforma. Na reforma teriamos tempo para curtir tudo, beber bastante álcool, fazer festas e prepararmo-nos para a faculdade.

A etapa seguinte passaria pelo colégio, ter várias namoradas, transformavamo-nos em crianças, sem responsabilidade alguma, tornar-nos um bebezinho de colo, voltar pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando numa vida de luxo com aquecimento central e massagens e serviço de quartos. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?


sábado, 10 de março de 2012

UM SORRISO DO ACASO


Estranhamente, um impulso fez-me deixar os meus amigos para trás e como guiado pelo acaso, virei costas ao palco principal do festival em pleno orgasmo colectivo sonoro provocado pelos Prodigy e caminhei sozinho, contra a corrente humana em direcção à tenda alternativa. Dispersas pela sala improvisada, sentadas no chão em pequenos grupos de 4, 5 ou 6 amigos, não eram muitas as pessoas que lá dentro se encontravam. Algumas preferiam marcar posição junto ás grades que separavam o pedestral dos artistas e zona do público. Foi aí  que me coloquei, olhando á minha volta e sentindo o ambiente. Bem diferente da histeria colectiva que me rodeava momentos antes. No palco os roadies preparavam o show que se seguiria. Porque nem tudo tem uma explicação, ainda hoje não sei explicar as boas vibrações que por lá pairavam. Ao meu lado dei conta duma bela morena. Tudo na sua imagem traduzia simplicidade, a mesma simplicidade que dá sentido à vida. Cabelo pouco comprido, preso atrás das orelhas, T-shirt cinzenta, de camera na mão disparava flashes em direção ao palco, captando os movimentos de quem acabava de montar a bateria ou testava o som dos monitores. Inevitavelmente acabamos por cruzar os olhares de uma forma natural, e vi então um dos mais belos sorrisos de que tenho memória.
  A mais de meia-hora de espera revelou-se curta. Sentia uma paz tão intensa quanto improvável num festival de verão com tanto calor, poeira no ar, filas intermináveis para comprar sandes, ou chegar até uma cerveja e o cansaço inerente a uma viagem de carro e mais de 10 horas em pé consecutivas. Do espectáculo lembro-me de 2 músicos que encheram o palco, a sala e a minha alma. A morena do sorriso bonito continuava ao meu lado numa estranha empatia em que o silêncio se tornava cumplice. Como o silêncio pode ser tão rico? Não explico, são coisas q se sentem...

  Nao conhecia bem a banda, apenas uma malha em que uma voz feminina irada repetia "That's Not My Name". Não fazia o meu estilo mas fiquei deliciado. A energia em palco contrastava com a minha tranquilidade interior. A vocalista do duo exprimia-se como se fosse o último concerto da sua vida, um concerto que a mim me soube a muito pouco. Por minha vontade teria lá ficado o resto da noite a sentir toda aquela envolvência. No fim do espectáculo, após aplausos e encores, já a maioria do público presente dispersava da tenda, troquei umas palavras sobre o concerto com a morena do belo sorriso antes de nos apresentarmos, trocarmos endereços de e-mail, com um pedido da minha parte e a promessa (cumprida) da parte dela do envio de algumas fotos do concerto e despedirmos para provavelmente nunca mais nos tornarmos a encontrar fisicamente. São situações típicas de festivais de verão e o que os torna tão especiais, o contato carregado de boas vibrações com gente desconhecida.
 Muito provavelmente não tomei consciência naquela altura mas algo que acontecia marcava profundamente e para sempre a minha vivência. Ainda hoje não sei por que motivo deixei os meus amigos e rumei sozinho para aquela tenda mas há momentos que nunca mais esquecerei e esse será um deles. Nessa noite o concerto de Ting Tings foi do mais simples e genuíno bem-estar que já experimentei, e pelo seu significado, aquele sorriso em tão belo rosto irá ficar para sempre gravado na minha memória... E por isso dou graças ao acaso.

sexta-feira, 2 de março de 2012

OLD GUN: OS ÚLTIMOS DIAS


OLD GUN - O FIM


 



4 de dezembro de 2011, 3:00, Kastrus River Klub - Esposende...

Estavamos em pleno palco. Tinhamos sido convidados para lá actuar na qualidade de vencedores do Rockastrus 2011. O som tava bom, mas a hora tardia a que começou o espectáculo fez muita gente dispersar. O ambiente estava algo esquesito. Sentia que havia algo que não estava bem. Uma sensação estranha... Findo o espectáculo viemos para casa. 3 dias depois recebo uma sms do Bad Bones com apenas 2 frases: "Vou sair da banda. Depois falamos". Foi o início visivel do fim de Old Gun.

Já há algum tempo que não sentia a alegria de tocar como era suposto sentir apesar das coisas aparentemente estarem a rolar cada vez melhor... estranho... ou talvez não. Marcamos uma reunião em casa do Capitão. O Bad Bones foi o primeiro a falar. Falou-nos do orgulho e do prazer que sempre teve em ser um Old Gun. No fim lá acabou por dizer que a sua vida pessoal falou mais alto e se tornou por isso incompatível continuar. Seguiu-se o Pepper Boy que apanhou o embalo do Bones para anunciar a sua intenção de sair, algo que já não foi tão surpresa para ninguém como poderia parecer. Nesse momento, o fim de Old Gun ficou definitivamente decidido. Ainda houve tempo nessa noite para uma sugestão do Zen: Fazer um último concerto de despedida. A ideia foi aceite por todos e ficamos então de tratar disso. Pés ao caminho e fui ao Mercedes, o local onde provavelmente nos sentimos mais em casa. O dono deste histórico bar da ribeira, o incontornável Zequinha ficou muito receptivo e após conferir datas agendamos para 11 de fevereiro de 2012. Quase um mês sem contacto com a música, foi apenas a meio de janeiro que iniciamos a preparação do concerto. Divulgação, trabalho, trabalho e mais divulgação. A notícia espalhou-se como um incêndio num palheiro. A promessa de muita afluência fez espevitar o esforço para terminar a gravação do nosso album em stand by há muito muito tempo. A semana que antecedeu o concerto foi de loucos, num contra-relógio inacreditável. Nessa altura já contavamos com uma ajuda quase caída do céu. Há coincidências felizes e esta foi uma delas. Um velho conhecido (eu pessoalmente conheço-o desde que me conheço a mim), apareceu no Rendez Vous a tempo de assistir pela primeira vez a um concerto de Old Gun. Foi o nosso último concerto no Porto antes de decidirmos o fim da banda. Foi mesmo a tempo. Desde então permaneceu como figura sempre presente. Estamos a falar de alguém que também é músico há cerca de 20 anos, provavelmente mais músico que nós todos juntos. Um dos melhores baixistas que conheço. Pertenceu aos Melancholic Youth of Jesus, quando eles eram realmente Melancholic Youth of Jesus, e ainda Poker Alho, uma banda de referência do Heavy Metal português dos anos 90. Apesar de todo o protagonismo que já teve e continuará a ter concerteza, teve um comportamento simplesmente inacreditável: Foi fotógrafo, designer, empregado de armazém, motorista e até groupie sempre com uma simplicidade, alegria e disponibilidade sem igual. Podemos dizer que sem ele, nem álbum, nem sequer condições para dar um último concerto digno do nosso nome teríamos. A noite que antecedeu o concerto passamos a reproduzir cds, dobrar e cortar capas até ás 5 e meia da manhã. Nunca irei esquecer tamanho sacrifício e companheirismo por  parte de quem lá esteve.






 



11 de fevereiro de 2012, 23:45-  Mercedes (Porto)




Entramos num Mercedes completamente apinhado de público. Tudo ou quase tudo para ver Old Gun. Amigos, conhecidos, admiradores, fans (porque não dizê-lo) compunham um bar que foi minúsculo para tanta alma. Na banca á entrada do bar, a capa predominantemente branca do álbum, de seu nome "Lead Me Where Rock Is Rolling" sobressaía no contraste com a pouca luz do ambiente nocturno. Passava uma música dos Chicago, banda liderada por Peter Cetera. Era o código para subirmos para o palco. Não foi fácil conseguir lá chegar por entre tanta gente. Abraços, palmadinhas nas costas, beijos, cumprimentos... O calor humano era indescritível. Subimos finalmente e abrimos com a super poderosa Nasty Babylon. Playboy Blues (um tema que apenas tocamos 2 vezes antes), apresentamo-nos de seguida com Lords From Nowhere, Meet The Gasoline Man. O público não arredou pé.Tempo então para uma homenagem ao nosso antigo vocalista Tiago Valente, que voltou a partilhar um palco connosco para interpretar a velhinha Friday 13. Seguiu-se uma experiência nova para o Capitão que lá cumpriu o seu sonho de tocar guitarra num concerto com a Hot Song. mais uma série de 5 temas sempre a abrir, a dedicatória de toda uma carreira ao nosso público sempre fantástico com a Running In My Time e um semi-fecho mais doce do que o habitual com a Into de Madness antes da emblemática Missed Bliss ter encerrado mais 3 fantásticos anos de palco. Ainda e a pedido de muita gente fomos "obrigados" a interpretar a nossa versão de sempre: I Ran para encerrar de vez com o, arrisco em dizer, mais belo capítulo das nossas vidas em termos musicais. Foi por tudo isto uma despedida digna e grandiosa, como eu nunca imaginei quando iniciamos este percurso em 2008. O resto da noite passou-se num agradável e emocionado convívio com tanta gente, tantos e tantos amigos que não quiseram perder a oportunidade de nos rever uma última vez todos juntos num palco. Provavelmente mesmo o último momento em que isso aconteceu. Igual cenário, estou em crer sinceramente, nunca mais se irá repetir.