sexta-feira, 2 de março de 2012

OLD GUN: OS ÚLTIMOS DIAS


OLD GUN - O FIM


 



4 de dezembro de 2011, 3:00, Kastrus River Klub - Esposende...

Estavamos em pleno palco. Tinhamos sido convidados para lá actuar na qualidade de vencedores do Rockastrus 2011. O som tava bom, mas a hora tardia a que começou o espectáculo fez muita gente dispersar. O ambiente estava algo esquesito. Sentia que havia algo que não estava bem. Uma sensação estranha... Findo o espectáculo viemos para casa. 3 dias depois recebo uma sms do Bad Bones com apenas 2 frases: "Vou sair da banda. Depois falamos". Foi o início visivel do fim de Old Gun.

Já há algum tempo que não sentia a alegria de tocar como era suposto sentir apesar das coisas aparentemente estarem a rolar cada vez melhor... estranho... ou talvez não. Marcamos uma reunião em casa do Capitão. O Bad Bones foi o primeiro a falar. Falou-nos do orgulho e do prazer que sempre teve em ser um Old Gun. No fim lá acabou por dizer que a sua vida pessoal falou mais alto e se tornou por isso incompatível continuar. Seguiu-se o Pepper Boy que apanhou o embalo do Bones para anunciar a sua intenção de sair, algo que já não foi tão surpresa para ninguém como poderia parecer. Nesse momento, o fim de Old Gun ficou definitivamente decidido. Ainda houve tempo nessa noite para uma sugestão do Zen: Fazer um último concerto de despedida. A ideia foi aceite por todos e ficamos então de tratar disso. Pés ao caminho e fui ao Mercedes, o local onde provavelmente nos sentimos mais em casa. O dono deste histórico bar da ribeira, o incontornável Zequinha ficou muito receptivo e após conferir datas agendamos para 11 de fevereiro de 2012. Quase um mês sem contacto com a música, foi apenas a meio de janeiro que iniciamos a preparação do concerto. Divulgação, trabalho, trabalho e mais divulgação. A notícia espalhou-se como um incêndio num palheiro. A promessa de muita afluência fez espevitar o esforço para terminar a gravação do nosso album em stand by há muito muito tempo. A semana que antecedeu o concerto foi de loucos, num contra-relógio inacreditável. Nessa altura já contavamos com uma ajuda quase caída do céu. Há coincidências felizes e esta foi uma delas. Um velho conhecido (eu pessoalmente conheço-o desde que me conheço a mim), apareceu no Rendez Vous a tempo de assistir pela primeira vez a um concerto de Old Gun. Foi o nosso último concerto no Porto antes de decidirmos o fim da banda. Foi mesmo a tempo. Desde então permaneceu como figura sempre presente. Estamos a falar de alguém que também é músico há cerca de 20 anos, provavelmente mais músico que nós todos juntos. Um dos melhores baixistas que conheço. Pertenceu aos Melancholic Youth of Jesus, quando eles eram realmente Melancholic Youth of Jesus, e ainda Poker Alho, uma banda de referência do Heavy Metal português dos anos 90. Apesar de todo o protagonismo que já teve e continuará a ter concerteza, teve um comportamento simplesmente inacreditável: Foi fotógrafo, designer, empregado de armazém, motorista e até groupie sempre com uma simplicidade, alegria e disponibilidade sem igual. Podemos dizer que sem ele, nem álbum, nem sequer condições para dar um último concerto digno do nosso nome teríamos. A noite que antecedeu o concerto passamos a reproduzir cds, dobrar e cortar capas até ás 5 e meia da manhã. Nunca irei esquecer tamanho sacrifício e companheirismo por  parte de quem lá esteve.






 



11 de fevereiro de 2012, 23:45-  Mercedes (Porto)




Entramos num Mercedes completamente apinhado de público. Tudo ou quase tudo para ver Old Gun. Amigos, conhecidos, admiradores, fans (porque não dizê-lo) compunham um bar que foi minúsculo para tanta alma. Na banca á entrada do bar, a capa predominantemente branca do álbum, de seu nome "Lead Me Where Rock Is Rolling" sobressaía no contraste com a pouca luz do ambiente nocturno. Passava uma música dos Chicago, banda liderada por Peter Cetera. Era o código para subirmos para o palco. Não foi fácil conseguir lá chegar por entre tanta gente. Abraços, palmadinhas nas costas, beijos, cumprimentos... O calor humano era indescritível. Subimos finalmente e abrimos com a super poderosa Nasty Babylon. Playboy Blues (um tema que apenas tocamos 2 vezes antes), apresentamo-nos de seguida com Lords From Nowhere, Meet The Gasoline Man. O público não arredou pé.Tempo então para uma homenagem ao nosso antigo vocalista Tiago Valente, que voltou a partilhar um palco connosco para interpretar a velhinha Friday 13. Seguiu-se uma experiência nova para o Capitão que lá cumpriu o seu sonho de tocar guitarra num concerto com a Hot Song. mais uma série de 5 temas sempre a abrir, a dedicatória de toda uma carreira ao nosso público sempre fantástico com a Running In My Time e um semi-fecho mais doce do que o habitual com a Into de Madness antes da emblemática Missed Bliss ter encerrado mais 3 fantásticos anos de palco. Ainda e a pedido de muita gente fomos "obrigados" a interpretar a nossa versão de sempre: I Ran para encerrar de vez com o, arrisco em dizer, mais belo capítulo das nossas vidas em termos musicais. Foi por tudo isto uma despedida digna e grandiosa, como eu nunca imaginei quando iniciamos este percurso em 2008. O resto da noite passou-se num agradável e emocionado convívio com tanta gente, tantos e tantos amigos que não quiseram perder a oportunidade de nos rever uma última vez todos juntos num palco. Provavelmente mesmo o último momento em que isso aconteceu. Igual cenário, estou em crer sinceramente, nunca mais se irá repetir.







2 comentários:

  1. ... e a prova que mais vale tarde que nunca... só um último grito... VAI BUSCUALA :)

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  2. go guerit, como dizem os british

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